quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

De gabardina, acendo a boca num cigarro. (Gregory Corso)



Acendo a boca
num cigarro curto
como quem engatilha o revólver
numa esquina sombria

acendo a boca
num grito mudo
como quem fala para dentro de si
em grego

acendo a boca
num beijo único
alheio à paisagem urbana
mas capaz de tudo
e de nada

acendo a boca
numa gargalhada quente
inesperada
e estremeço a rua como se espirrasse
por via de uma alegria
violentamente incontida.

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